terça-feira, 10 de novembro de 2009

Retrato

Aquele meu reflexo, me imita sempre sempre...
e quando cansa, simplesmente me ignora.
eu mergulho na minha própria insensatez:
de querer ver-me, de não querer encarar-me.
Não eu não preciso de ninguém que queira me entender!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

É incrível como dias cinzas são inspiradores. Tempestades como as de ontem também.
Ao mesmo tempo que são pertubadoras, e talvez por isso me criem ansiedade e me façam vomitar palavras. Não que alguém queira ouvi-las, ou que alguém irá vê-las.
As palavras que eu jogo para fora poderiam morrer em mim, ou poderiam sair como cachoeira de meu olhar, eu poderia expressá-las no meu próprio silêncio, eu poderia tentar explicá-las à mim mesmo.
Prefiro não me explicar, não pedir licença, talvez às vezes um pedido de desculpa, não é o caso, a ninguém devo desculpa, é só esse clima que inundou meu coração de cinza, por mais vermelho que eu carregue em mim, está tudo meio nublado hoje, está tudo calmo demais...
Amanhã provavelmente já mude.

domingo, 16 de agosto de 2009

O Tempo passa e consome as palavras.
Os versos que não foram escritos continuam a ser pensados.
Minha presença nula e uma reticência sobre um papel ainda branco.
E as cores chegam, e os sentimento preenchem todo o vazio.
Um outro dia eu apareço, e sopro um ar de permanência...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Mais uma vez

A escuridão estabeleceu uma pausa. Silêncio nas palavras, vazio de frases. O cansaço prevaleceu e eu fiquei puramente estática. Cá estou eu, lutando contra inércia de minha mente, tentando provocar qualquer pensamento ou atitude que demonstre criação. Mesmo que não seja notado. Por simples exercício.
Certa vez tive um sonho bonito, estava em um campo de girassóis, o céu claro encheu meus olhos e eu mergulhei no vazio branco entre o amarelo do campo. Tudo permaneceu assim até a manhã me chamar, despertei com a sensação de quem havia pisado em nuvens macias a noite inteira, levada por uma brisa que tocava levemente meu rosto. Girassóis me comovem, são flores que despertam um lado misterioso para mim. São tão coloridos e alegres, tão silvestres e radiantes.
Que sonhos virão em uma noite de lua cheia? Que estrelas contarei em uma noite de outono?
Como amanhecerei sem meus girassóis?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Declarações sob a noite

Ele: Diga que me ama, declare seus sentimentos.

Ela: Desculpe, não posso, acho mais apetecível viver o amor, demonstra-lo ao tato para ti.

Ele: Como é possível isso?

Ela: Primeiro toma-me de assalto em teus braços levando minha cintura à tua. Mira-me com olhos de encanto como um espelho, toca-me os cabelos enquanto afago delicadamente teu rosto. Deixa-me matar a sede na seiva do teus lábios, aproveita-te e percorre com os dedos minha coluna e todo o corpo. Depois envolve-te pelo sonar musical de nossas respirações, até que emaranhados em nós mesmos acabamos como um laço em nó. No fim, enovelo-me e tu carinhosamente massageia minha nuca após a luz apagar. E descansa sobre mim como uma leve pena que o vento trouxe e que repousou sobre meu peito.

Ele: Te amo.

Ela: Boa noite.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Feito por alguém, para alguém

Dê-me algo imutavelmente verdadeiro:
Como o orvalho da manhã,
Como as pálpebras que pesam e põe-se a sonhar durante a noite calma.

E se não conheceres essa realidade que proponho,
Siga meus passos tristes e aflitos,
Que te mostrarei o segredo frio e belo
Do amanhecer que brota e acaba por despertar-nos:

Eu não desejava assim,
Queria que a noite perpetuasse...
Pelo menos para que eu pudesse contar-te tudo o que vejo
Naquele momento doce que meus olhos encerram-se com teu beijo
E que meu corpo acende-se para a vida.

Já que não tenho coragem suficiente para falar-te,
Escrevo essas palavras que oram, pedindo-te novamente,
Por aquela fatalidade feliz que é teu beijo,
Por aquele encanto vibrante que é teu amor...

E se essa for a verdade imutável que procuro,
Então, poderei deleitar-me no sono profundo,
Tocar a superfície úmida da minha consciência,
E depois disso, talvez acorde feliz.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Breve

Caminho lentamente nesta manhã, passo a passo, quase sem ruídos.
Pingo a pingo que toca a superfície do meu corpo é como se fosse carícia da chuva em minha pele.
O céu monocromático exibe um cinza sonolento, os carros dançam na pista úmida, confundem-me com seus faróis brilhantes.
O vento impacta contra meu corpo, como se fosse um abraço, guia-me até o outro lado, guia-me por toda a rua!
Retratos de uma manhã de verão...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Impressões


Eu sinto o cheiro da chuva que vem, eu sinto que os ventos mudam, eu sinto que minha sorte sorri.
*Algumas palavras foram embora. Algumas imagens desbotaram.

Mas sinto o cheiro das flores, das folhas e da terra. Sinto que sigo certo, que a estrada é mesmo essa.
*Alguns versos novos surgiram. Alguns momentos geraram novas lembranças.

O olhar brilha como um candeeiro, sob o luar que desponta no céu. Pensamentos soltos de um espírito torto - aceso, incandescente, abrasado, inflamado, ardente.

Negrito

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tudo que é vão

Vem e vão as horas, sinto o ar frio que abraça meus pés descalços, olho para o relógio com ponteiros quebrados, faço silenciosamente uma oração cética para que o tempo pare. Mas vem e vão as horas... Já passou das dez da manhã, ainda não passou meu sono.
Já não assisto televisão, cansei das velhas novas notícias sobre o novo velho caos.
Já não escuto músicas, cansei dos meus velhos sentimentos lembrados pelas velhas melodias.
Já não tiro fotos, repugna-me o rosto cansado expresso pelas vastas olheiras, que avançam sobre minha pele branca e acinzentam meu olhar.
Já não falo versos, cansei do sonar da minha voz rasgando e ringindo poemas tristes.
Já é tudo claro, confuso, ofuscante, tudo já é vão.
... As nuves cinzas carregadas aproximam-se pingando sonhos cristalizados ...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Imaginado

Desperto no meio da noite com um calafrio, nada de temores, apenas a doce sensação semelhante quando o afago dos leves toques dos dedos percorrem a coluna vertebral até alcançar o pescoço e acariciar os cabelos...
O quarto escuro, a noite escura, a fraca luz lunar adentrando as venezianas fechadas, o sono esvaindo-se entre vultos e pensamentos, como as cores que somem dos olhos tomadas pela pupila dilatada impregnada de sonhos e imagens.
Tudo é espera, é pausa. Quantas lembranças inconscientemente carrego? Quantas imagens conscientemente imagino? Modelo minhas ilusões, afogo a solidão em falsas companias.
Procuro algo real enquanto a mastigo a insônia criada pela minha própria ausência.
O que difere o real do imaginado? Quem arriscaria tornar-se real para alguém que é simplesmente imaginado?
...
...
...

sábado, 3 de janeiro de 2009

Temporal


Está vendo o temporal?
Ele chegará em breve do mesmo jeito voraz. Ventando forte, levando meus pensamentos... Aqueles que eu já não poderia guardar em mim.
Escuta o chamado que vem no som do trovão - até a lua se esconde na noite.
Cá estou eu novamente, no meio da rua, na chuva, em meio aos clarões e relâmpagos, entregue a tempestade do meu próprio âmago.
Não consigo dizer sim, não consigo dizer não, não consigo pensar em nenhum plano ou possibilidade. Alguma ausência permaneceu por dentro, e dentro é tão escuro...
Tenho sonhos remendados que nem sei onde os guardo, quero achá-los dentro de mim!
Sinto-me meio boba, como a criança que aguarda ansiosamente para que o conto de fadas torne-se real, e quando fecha os olhos enxerga um mundo colorido e louco.
Ainda tenho este mundo escondido por dentre minhas veias, correndo junto ao sangue e energia do meu ser, mas não encontrei nenhum corajoso ser, que pudesse entrar nesse estranho mundo, nenhuma infantil criatura que queira jogar comigo, lançar dados, apostar vertigens.
Qual será o próximo caminho?
Cansei de batalhar em duelos onde sou meu oponente.