Vem e vão as horas, sinto o ar frio que abraça meus pés descalços, olho para o relógio com ponteiros quebrados, faço silenciosamente uma oração cética para que o tempo pare. Mas vem e vão as horas... Já passou das dez da manhã, ainda não passou meu sono.
Já não assisto televisão, cansei das velhas novas notícias sobre o novo velho caos.
Já não escuto músicas, cansei dos meus velhos sentimentos lembrados pelas velhas melodias.
Já não tiro fotos, repugna-me o rosto cansado expresso pelas vastas olheiras, que avançam sobre minha pele branca e acinzentam meu olhar.
Já não falo versos, cansei do sonar da minha voz rasgando e ringindo poemas tristes.
Já é tudo claro, confuso, ofuscante, tudo já é vão.
... As nuves cinzas carregadas aproximam-se pingando sonhos cristalizados ...
Isso foi uma versão mais poetica de "O tempo não pára"?
ResponderExcluirEu achei lindo.Gosto do jeito que tu descreve as cenas, conduz tua idéia - "Vem e vão as horas, sinto o ar frio que abraça meus pés descalços" - perfeito.
Mas acho que tudo que é vão é mais gostoso à nós.Tudo que é composto de uma razão, não dá o mesmo prazer daquilo que é vão - eu acho.
Mas sobre as coisas, sobre o caos em que vivemos, sobre a desistencia de continuar a viver das mesmas imagens, sons e fatos - eu acho que compreendo.
Adorei, pra váriar.
beijooo