quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Um ponto a mais


A noite estava fria, vazia e tediosa, eu alocada num lugar físico com meus pensamentos vagando por lugares não reais. Não mais que derrepente, sou atraída novamente a superfície por uma voz que citou: 'Para encontrarmos a felicidade, devemos acabar com qualquer esperança.'

Fiquei perplexa. Embriago-me de esperanças todos os dias, por motivos quaisquer, estarei eu, rejeitando minha própria felicidade!? Logo em seguida uma breve explicação: 'A esperança remete a falta, a ausência de algo, nos causa angústia e anciedade; não traz nenhum sentimento positivo, muito menos alguma satisfação, viveremos sempre em busca de algo subjetivo que não preencherá este vazio criado pela esperança, e cada vez mais nos afastaremos da felicidade.'


Respiro fundo e forte, aspiro todas as idéias confusas que possam significar alguma coisa, confronto-me ao abismo sob meus pés e tento imaturamente avaliar o que seria a felicidade, o que me faz feliz. Ora, se tenho buracos em minha alma causais de uma esperança projetada, quero pagar pela minha escolha: este vazio, não o deixarei tão facilmente! Criei-o com as inúmeras memórias e lembranças que são minhas, não as vendo, nem alugo ou empresto, não as troco e muito menos as abandono!


Talvez tão forte como a chuva que avisto pela janela, são meus sonhos enxarcados de expectativas - talvez me veja assim, vulnerável a um destino não muito claro, porém desejado conscientemente através dos passos que marco no chão, dos beijos que marco em rostos ou bocas, das lágrimas que talvez tenha umidecido alguns olhares, do sangue que talvez tenha vazado em alguns corações... Não há revolta, nem constrangimento ou arrependimentos, eis que me rascunho em palavras, gestos e desenhos, eis que nem eu mesmo me entendo e nem quero entender. Tive de optar pelas noites de lua nova, crescente, cheia e minguante, onde adormeço feliz e esperançosa.

Noturna minha alma, solar minhas asas, surreal minha mente. Soturno meu coração?! Talvez não, talvez não...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Assim sendo...

Tem coisas que não compreendo, tão curtas, tão doces como um sonho bom...
Eu acordo de novo e vejo que as coisas parecem ser outras, nossa por quanto tempo eu durmi?
Eu queria durmir de novo, queria sonhar de novo, mas ouço o chamado da realidade, estridente no meu frágil tímpano, quase rompo de sons e gritos adormecidos.
Enfim, certas coisas não precisam de compreensão, a vida pede pela praticidade de um coração gelado, que não reconhece verão ou inverno, menos ainda o perfume da primavera ou o vento amigável de um outono.
Sou eu mesmo de novo?
Não existe isso pra mim, cada versão minha, mutante, mutável, é onde me reconheço:
Em todas as faces de espelhos quebrados, em todas elas que não me trazem má sorte...
Minha sorte é sempre a mesma e é só minha, a mim pertence e a minha lei obedece, será com ela que me guiarei, entre noites escuras ou dias claros, ao lado de gatos pretos ou pardos.
Floresci assim, fazer o quê?